janeiro 16, 2012

Todos juntos e misturados na escola

Em SP, escolas oferecem ensino interdisciplinar; no Rio, crianças de várias idades dividem espaço

                              

                                                                        Carolina Benevides / Marcelle Ribeiro

 

RIO e SÃO PAULO - Cerca de cem colégios brasileiros estudam a adoção de projetos pedagógicos inspirados numa escola pública de Portugal considerada revolucionária. Na Escola da Ponte, localizada na cidade do Porto, não há séries, turmas ou salas de aula tradicionais. Os alunos, de idades diferentes e sentados em grupos de mesas, são os que definem a ordem dos estudos e como serão avaliados. Para melhorar a educação, algumas escolas brasileiras já derrubaram paredes, literalmente.

A mudança na escola pública portuguesa aconteceu na década de 1970. Atualmente, o ex-diretor da Escola da Ponte José Pacheco se prepara para ampliar a divulgação do projeto, que pretende tornar alunos e professores mais autônomos e participativos no projeto de aprendizagem. Pacheco pretende criar em Cotia, em São Paulo, um centro de referência para formação de professores e vai voltar à sala de aula à frente de uma escola gratuita que começará a funcionar na cidade no próximo período letivo. Além disso, ele e sua equipe acompanham regularmente cerca de cem colégios brasileiros que de alguma maneira pensam em mudanças.

— Os educadores brasileiros já perceberam que as escolas, do jeito que funcionam, na verdade, não funcionam, produzem ignorância. Alguns enxergam na Ponte uma mudança como a que tem que acontecer no sistema educacional brasileiro — afirma José Pacheco.

Segundo Pacheco, 20 dessas escolas, públicas e particulares, estão mais avançadas nesse sentido, principalmente nos estados de Minas Gerais, Porto Alegre, Paraná e São Paulo.

 

Alunos podem tirar dúvidas de estudantes do seu grupo

 

Entre elas estão dois colégios municipais de ensino fundamental da capital paulista: o Amorim Lima e o Campos Salles. Nos dois, a mudança foi tão radical que incluiu a derrubada de paredes. Mas, para respeitar as normas do governo brasileiro, as séries não foram abolidas, como aconteceu na Escola da Ponte.

Na escola Amorim Lima, sete salas de aula viraram dois salões, sendo que o maior comporta até 105 alunos. Em cada um dos salões, as carteiras dos alunos não ficam uma atrás da outra, mas sim arrumadas em círculos, cada círculo com cinco alunos. Ao mesmo tempo, pode haver alunos de séries diferentes, cada um estudando um assunto diferente de uma disciplina diferente. Todos que estão no salão aprendem usando como base roteiros de pesquisa interdisciplinares.

Num salão, como os da escola Amorim Lima, o quadro negro é pouco usado e os professores — um para cerca de 30 alunos — estão ali para tirar dúvidas, e o professor de uma disciplina pode ser chamado para tirar dúvida sobre outra disciplina.

— A ideia é que o estudante que tiver dúvidas peça ajuda a outro integrante de seu grupo. Se ele não souber, pede ajuda ao professor. Se o professor que o atender não souber, ele pede ajuda a outro professor — explica a diretora da escola Amorim Lima, Ana Elisa Siqueira.

Além disso, são programadas "oficinas" semanais, que podem ser aulas expositivas, feitas em outros espaços. O desenvolvimento dos alunos é acompanhado de perto pelos tutores. Cada aluno tem um tutor que, em reuniões semanais, conversa sobre as dificuldades encontradas e os avanços.

Aluno do 7 série do ensino fundamental, na escola Amorim Lima, Luca Mazzola, de 13 anos, faz algumas críticas ao método:

— Acho que aqui os alunos estão num nível um pouco abaixo de aprendizado do que na escola particular em que eu estudava antes. É ruim os alunos não aprenderem as mesmas coisas ao mesmo tempo.

Na escola Campos Salles, os alunos de séries diferentes não foram misturados nos salões. Também há roteiros de estudo, grupos e tutores, além de uma comissão para mediar conflitos formada por 12 alunos e monitorada por um professor. Quem explica o funcionamento é Keila Ramos Verdelho, de 9 anos, aluna da 3 série:

— Quando um aluno está mal na escola ou está bagunçando, reunimos a comissão mediadora. A gente conversa e dá chances para a pessoa melhorar. Se ela não melhora, a gente faz reunião com os pais e o diretor — conta Keila: — Uma vez, chamamos uma mãe para conversar e ela disse que não falaria com crianças. Aí, o diretor disse que ou ela conversava com a gente ou não conversava com ninguém. O problema foi resolvido.

Desde que a escola mudou o sistema de ensino, em 2006, as média obtidas no Índice de Desenvolvimento de Educação Básica (Ideb) — criado pelo Ministério da Educação para medir a qualidade da educação — , melhoraram e ultrapassaram as metas previstas pelo governo.

— Mas o que mais tem valor para nós é que antes nós perguntávamos para um aluno da 8 série sobre as perspectivas de vida dele e víamos que ele não sonhava. Hoje mudou tudo, eles sonham em fazer faculdade — afirma o diretor da escola Campos Salles, Braz Rodrigues Nogueira.

 

No Rio, crianças de diferentes idades juntas

 

No Rio, crianças matriculadas na Escola Edem podem ter a experiência de conviver com alunos de várias idades. Para isso, precisam frequentar o horário extensivo, oferecido para crianças de 1 a 10 anos.

— Os pais podem matricular seus filhos na série regular, por exemplo, no turno da tarde e deixá-los na escola de manhã fazendo várias atividades extracurriculares. Então, eles são divididos em dois grupos: um para crianças de 1 a 5 anos e outro para as que têm entre 6 e 10 anos — conta Claudia Fenerich, assessora pedagógica da escola:

— Não é um aprendizado formal, ainda que as crianças tenham ajuda para fazer o dever de casa. Durante esse horário extensivo, elas têm atividades como natação, teatro e inglês e participam de passeios. O interessante é que os maiores ajudam aos menores, os menores se espelham nos maiores, elas crescem com mais autonomia, têm muita interação social.

— Esse contato com diferentes idades faz com que a criança seja mais solidária e amadureça. Além de proporcionar um grande número de amizades — diz Ana Bezerra, mãe de Carolina, de 11 anos, e que, desde os 4, frequentou o Horário Extensivo.

Mãe de um menino de 8 anos, Rosana Soares Zouain conta que, há dois anos, optou pelo horário extensivo para não deixá-lo em casa com uma babá:

— Achei mais interessante e não me arrependi. O Lucas era muito tímido e a convivência com crianças de várias idades fez ele ficar mais despachado.

Na Escola Sá Pereira, alunos matriculados no ensino infantil também podem conviver com crianças de várias idades:

— Temos essa estratégia de atendimento há tempos e percebemos que as crianças se tornam mais flexíveis, solidárias, tolerantes e com mais capacidade para desenvolver a cooperação — conta Maria Teresa Moura, diretora da Sá Pereira.

 

URL: http://glo.bo/xNO6gq

 

Notícia publicada em 15/01/12 - 23h30Atualizada em 15/01/12 - 21h44Impressa em 16/01/12 – 09h09

 

In: http://oglobo.globo.com/educacao/todos-juntos-misturados-na-escola-3677448

 

janeiro 03, 2012

Mínimo investido por ano em aluno do ensino público básico sobe para R$ 2.096

O valor mínimo investido pelos governos por aluno do ensino básico público por ano será de R$ 2.096,68 em 2012. O total, divulgado na semana passada pelo MEC (Ministério da Educação), é 21,75% maior que o de 2011, quando o investimento mínimo foi de R$ 1.722,05.

Esse valor é referente às séries iniciais do ensino fundamental de áreas urbanas e os Estados têm liberdade para investirem valores acima dele. Aqueles que não conseguem atingir este patamar recebem complementação do governo federal, por meio do Fundeb (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais de Educação).

Este ano, segundo a tabela publicada pelo MEC, recebem a ajuda da União Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba, Piauí e Pernambuco. Segundo a memória da lei orçamentária apresentada em setembro ao Congresso, Minas Gerais e Paraná também iriam receber a complementação. No entanto, segundo Vander Borges, coordenador-geral de operacionalização do Fundeb, na época, haviam sido utilizados dados desatualizados. Os valores são determinados a partir do Censo Escolar. Ainda segundo Borges, a complementação de receitas chegará, em 2012, a R$ 9,4 bilhões.

Investimento por aluno

O valor investido por aluno já era considerado insuficiente para uma educação de qualidade em 2011. Cálculos do CAQi (Custo Aluno Qualidade Inicial), índice elaborado pela Campanha Nacional pelo feitos com base no PIB (Produto Interno Bruto), mostram que o valor no ano passado já deveria ser de, no mínimo, R$ 2.194,56. (CNTE, com informações do UOL EDUCAÇÃO, 02/01/12)
 

 

Valor investido por Estado (em R$)

 

 

UF

Fundamental
Iniciais/Urbano

Fundamental
Finais/Urbano

Médio
Urbano

Acre

2.626,36

2.888,99

3.151,63

Alagoas

2.096,68

2.306,35

2.516,02

Amazonas

2.096,68

2.306,35

2.516,02

Amapá

2.871,54

3.158,69

3.445,85

Bahia

2.096,68

2.306,35

2.516,02

Ceará

2.096,68

2.306,35

2.516,02

Distrito Federal

2.670,70

2.937,77

3.204,84

Espírito Santo

2.831,67

3.114,84

3.398,00

Goiás

2.534,87

2.788,35

3.041,84

Maranhão

2.096,68

2.306,35

2.516,02

Minas Gerais

2.288,64

2.517,50

2.746,37

Mato Grosso do Sul

2.477,02

2.724,72

2.972,42

Mato Grosso

2.121,10

2.333,21

2.545,32

Pará

2.096,68

2.306,35

2.516,02

Paraíba

2.096,68

2.306,35

2.516,02

Pernambuco

2.096,68

2.306,35

2.516,02

Piauí

2.096,68

2.306,35

2.516,02

Paraná

2.226,51

2.449,16

2.671,81

Rio de Janeiro

2.483,25

2.731,57

2.979,90

Rio Grande do Norte

2.106,34

2.316,98

2.527,61

Rondônia

2.428,84

2.671,73

2.914,61

Roraima

3.531,27

3.884,39

4.237,52

Rio Grande do Sul

2.913,05

3.204,36

3.495,67

Santa Catarina

2.609,79

2.870,77

3.131,75

Sergipe

2.447,12

2.691,83

2.936,55

São Paulo

3.192,81

3.512,09

3.831,37

Tocantins

2.671,98

2.939,18

3.206,38

 

Fonte: http://www.sintepp.org.br/v2011/noticias/imprimir.php?id_noticia=115

janeiro 02, 2012

2012 : O Ano Extraordinário

 

Apenas para lembrar que a vida é fundamento básico para a unidade cósmica.

De que há alguém no controle.

E que nossos atos, todos eles, têm influência enorme nos destinos da humanidade.

Ainda para lembrar que estamos sempre com o controle de nossas vidas.

E que podemos ser felizes.

Um maravilhoso 2012 a todos!